O avanço dos ETFs no Brasil: o que 2025 está mostrando sobre comportamento do investidor e impulsos de alocação para 2026

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A indústria de ETFs no Brasil entrou em uma nova fase. O que antes era visto como um produto de nicho — priorizado por investidores mais sofisticados — tornou-se, em 2025, uma das classes de maior crescimento no mercado local. A variedade de produtos aumentou, o perfil do investidor se diversificou e o uso de ETFs como ferramentas estratégicas de alocação ganhou relevância tanto entre investidores qualificados quanto no varejo de alta renda.

Nesse cenário, o assessor de investimentos precisa dominar não apenas as características técnicas dos ETFs, mas também sua função dentro da carteira, sua correlação com tendências globais e os impulsos de alocação que devem marcar 2026.

Este artigo reúne uma análise aprofundada sobre o avanço dos ETFs no Brasil, o que os dados de 2025 revelam sobre o investidor brasileiro e como o assessor pode se posicionar estrategicamente para orientar seus clientes com clareza e segurança.

A consolidação dos ETFs no Brasil

A popularização ocorre por diversos motivos:

  • maior transparência e simplicidade na estrutura;
  • redução de custos em relação a fundos ativos;
  • facilidade de acesso via home broker;
  • busca por diversificação em carteiras de todas as faixas de patrimônio;
  • necessidade de hedge geográfico, setorial e cambial.

O investidor brasileiro está mais confortável com produtos de gestão passiva e ETFs passaram a ser ferramentas de construção de portfólio, não apenas uma alternativa à renda variável.

Essa mudança de comportamento exige que o assessor compreenda tanto o funcionamento dos ETFs quanto a forma como eles dialogam com mudanças macroeconômicas, fiscais e tecnológicas.

O investidor mudou — e os ETFs acompanharam essa mudança

Os dados mostram que o investidor em 2025 tem novas prioridades. Há mais foco em:

  • portfólios diversificados globalmente;
  • produtos com menor custo;
  • instrumentos com liquidez intradiária;
  • mecanismos simples de acesso a temas complexos (ex.: inteligência artificial, energia limpa, semicondutores);
  • renda fixa indexada a inflação ou juros reais.

O investidor, portanto, se sofisticou. Mas isso não significa que ele busca produtos complexos — ele busca soluções objetivas, que entregam exposição eficiente a fatores importantes de performance.

Esse movimento se intensificou também pela descentralização das finanças, tema que a ABAI explorou anteriormente.



ETF de renda fixa: a grande novidade do ciclo recente

Historicamente, ETFs eram associados à renda variável. Mas desde 2023, e especialmente em 2024 e 2025, os ETFs de renda fixa cresceram mais rápido do que qualquer outro segmento da indústria.

O que explica essa expansão?

Ambiente de juros elevados

Um ciclo prolongado de juros reais altos favorece produtos de renda fixa, mas muitos investidores perderam oportunidades por falta de reposicionamento ou dificuldade em acessar títulos específicos. ETFs resolveram isso ao oferecer:

  • cestas diversificadas de títulos;
  • exposição imediata a curvas específicas;
  • maior liquidez;
  • praticidade tributária;
  • entrada com valores baixos.

Curvas mais voláteis

Com risco fiscal elevado e oscilações de expectativas macroeconômicas, investidores buscaram produtos capazes de:

  • suavizar volatilidade;
  • mitigar risco de concentração;
  • capturar movimentos da curva sem a necessidade de escolher o papel individual.

Tendência para 2026

É provável que ETFs atrelados ao IPCA, à Selic e a títulos prefixados ganhem ainda mais relevância em alocações híbridas, especialmente para investidores que buscam proteção, liquidez e simplicidade na execução.

Para o assessor, isso amplia o cardápio de soluções para clientes avessos a risco de crédito, mas que desejam potencializar resultados dentro da renda fixa.


ETF internacional: o pilar da diversificação em 2025

Outro movimento claro é a expansão do uso de ETFs internacionais para diversificação geográfica. Investidores brasileiros compreenderam melhor o benefício da descorrelação e passaram a usar ETFs para acessar:

  • índices dos EUA (S&P 500, Nasdaq, Dow Jones);
  • índices globais amplos (MSCI World, MSCI ACWI);
  • setores específicos (tecnologia, saúde, energia);
  • renda fixa global;
  • mercados emergentes;
  • mercados europeus e asiáticos.

Essa expansão foi favorecida por três fatores:

  • maior volatilidade política no Brasil;
  • fortalecimento do dólar em 2025;
  • tendências globais de inovação e tecnologia.

Para 2026, o assessor deve enfatizar:

  • a importância de diversificação além da Bolsa brasileira;
  • a eficiência do ETF como forma de exposição rápida a temas globais;
  • o papel do ETF como ferramenta de hedge cambial;
  • a compatibilidade entre ETFs internacionais e carteiras de longo prazo.

ETFs temáticos: facilidade de acesso a tendências globais

ETFs temáticos se fortaleceram entre investidores de varejo sofisticado e alta renda. O Brasil segue tendência global, com produtos voltados a:

  • inteligência artificial;
  • energia renovável;
  • semicondutores;
  • empresas de baixa emissão;
  • cibersegurança;
  • veículos elétricos;
  • agricultura inteligente.

Embora a volatilidade seja maior, esses ETFs costumam ser usados para:

  • compor percentuais moderados da carteira;
  • acessar setores de crescimento acelerado;
  • capturar tendências globais sem necessidade de seleção ativa de empresas.

O papel do assessor é esclarecer que:

  • ETFs temáticos são complementares, não estruturantes;
  • exigem horizonte mais longo;
  • dependem de ciclos de inovação e política industrial global;
  • podem sofrer mais com juros altos.

O que o comportamento de 2025 revela sobre o investidor brasileiro

Três conclusões aparecem com clareza:

1. O investidor busca simplicidade com eficiência

ETFs entregam isso: exposição ampla, transparente e prática.

2. O investidor está mais aberto à diversificação global

Não só por retorno, mas por gestão de risco.

3. O investidor deseja produtos que façam sentido no contexto macro

ETFs de renda fixa cresceram justamente no momento de maior volatilidade fiscal e macroeconômica.

O assessor deve aproveitar esse movimento para conduzir conversas mais estratégicas sobre:

  • portfólios;
  • ciclos econômicos;
  • risco x retorno;
  • horizonte de investimento.

Como o assessor deve se posicionar para 2026

Com o crescimento da classe de ETFs, a atuação consultiva deve se fortalecer em quatro frentes:

Análise estratégica de alocação

ETFs são ferramentas — e ferramentas só funcionam quando alocadas corretamente:

  • ETFs de renda fixa para proteção e liquidez;
  • ETFs internacionais para hedge e diversificação;
  • ETFs temáticos para satélites de crescimento;
  • ETFs de fator (value, momentum, quality) para balanceamento.

Educação contínua do cliente

O cliente precisa entender:

  • diferenças entre ETF, fundo ativo e BDR;
  • tributação;
  • volatilidade;
  • liquidez;
  • tracking error e composição de índice.

O assessor deve traduzir complexidade em clareza.

Combinação inteligente com renda variável tradicional

ETFs não substituem ações — mas podem equilibrar:

  • risco;
  • beta;
  • volatilidade;
  • exposição internacional.

Expansão de portfólio com custo eficiente

Em cenários de aperto financeiro, produtos com taxas baixas atraem clientes, especialmente em estratégias de longo prazo.

Riscos e pontos de atenção

ETFs não são isentos de risco. Entre os principais:

  • volatilidade elevada em ETFs temáticos;
  • risco de concentração do índice;
  • tracking error em mercados de baixa liquidez;
  • sensibilidade excessiva a ciclos globais;
  • desatualização de índices em mercados emergentes.

O assessor deve monitorar:

  • composição atualizada do ETF;
  • liquidez;
  • aderência ao índice;
  • exposição geográfica;
  • correlação com o restante da carteira.

O assessor como arquiteto de portfólios eficientes

O avanço dos ETFs no Brasil em 2025 não é apenas uma tendência — é um marco de transformação no comportamento do investidor e na construção de portfólios. A facilidade de acesso, a diversidade de produtos e o alinhamento com tendências globais fazem dos ETFs instrumentos essenciais na alocação moderna.

Em 2026, o assessor que souber integrar ETFs de forma estratégica — conectando macroeconomia, perfil de risco e horizonte — será capaz de:

  • oferecer carteiras mais eficientes;
  • reduzir custos para o cliente;
  • ampliar diversificação;
  • acessar tendências globais com clareza;
  • fortalecer sua autoridade como consultor financeiro.

ETFs não são apenas produtos. São uma mudança estrutural na forma como o investidor brasileiro pensa, age e constrói seu futuro financeiro.

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