Em 2025, o mercado brasileiro de investimentos vem se tornando cada vez mais sofisticado, com produtos estruturados, crédito privado e fundos multimercado ganhando relevância para investidores que buscam rentabilidade superior com controle de risco. No painel da Expert XP sobre crédito estruturado e oportunidades em multimercados, especialistas do UBS GWM, XP Investimentos e Legacy Capital abordaram como alocar recursos de maneira estratégica em um cenário de juros elevados, volatilidade cambial e complexidade regulatória.
Para o assessor de investimentos, compreender o funcionamento desses instrumentos e seus riscos é fundamental. Este artigo detalha os pontos-chave do debate, descreve como analisar produtos estruturados e multimercado e mostra como posicionar clientes de forma clara, informada e alinhada ao perfil de risco.
1. O que é crédito estruturado e por que é relevante
O crédito estruturado é um conjunto de operações financeiras que permite ao investidor acessar retornos vinculados a diferentes ativos, podendo envolver derivativos, debêntures, CRIs/CRAs e outras estruturas híbridas. Entre os pontos abordados no painel:
- Flexibilidade de retorno: Pode oferecer remuneração atrelada a índices de inflação, CDI, ações ou cestas de ativos.
- Proteção parcial ou total do capital: Estruturas podem prever mecanismos de amortização, barreiras de proteção ou seguro de crédito.
- Diversificação sofisticada: Permite ao investidor acessar classes de ativos que não estariam disponíveis em fundos tradicionais ou títulos públicos.
Para o assessor, a principal vantagem é traduzir complexidade em oportunidade, destacando como o produto se encaixa na estratégia global do cliente, equilibrando risco, liquidez e horizonte.
2. Cenário de juros e crédito privado em 2025
O painel enfatizou que o ambiente de juros altos no Brasil tem impactos diretos sobre crédito estruturado e fundos multimercado:
- Renda fixa pós-fixada: Títulos atrelados ao CDI ou Selic oferecem proteção contra volatilidade e são referência para avaliar o prêmio de risco de produtos estruturados.
- Crédito privado: Debêntures incentivadas, CRIs/CRAs e fundos de crédito estruturado captam oportunidades em empresas sólidas ou ativos imobiliários, oferecendo retorno superior ao Tesouro Direto com risco gerenciável.
- Volatilidade e spreads: Juros elevados ampliam spreads de crédito, tornando alguns ativos de renda fixa mais atraentes, especialmente dentro de carteiras multimercado.
O assessor precisa avaliar cuidadosamente cada emissor, rating e estrutura do produto, traduzindo complexidade em decisão clara para o cliente.
3. Fundos multimercado: oportunidades e risco
No contexto do painel, os especialistas destacaram os fundos multimercado como ferramenta estratégica:
- Diversificação interna: Podem alocar em renda fixa, ações, derivativos e moedas, oferecendo proteção contra choques macroeconômicos.
- Gestão ativa: Fundos multimercado podem ajustar duration, exposição cambial e setorial conforme cenário econômico.
- Proteção contra volatilidade: Combinação de ativos defensivos e táticos ajuda a reduzir risco sistêmico.
Para o assessor, a análise deve incluir:
- Composição da carteira do fundo;
- Histórico de performance ajustado ao risco;
- Transparência e governança do gestor.
A comunicação com o cliente deve explicar trade-offs entre retorno e risco, destacando liquidez, taxa de administração e performance passada com contexto de mercado.
4. Estruturação de carteiras com crédito estruturado
A discussão do painel trouxe exemplos práticos de alocação:
- Estratégias defensivas: Produtos estruturados com capital protegido e retorno vinculado a CDI ou IPCA+ oferecem estabilidade e previsibilidade.
- Estratégias táticas: Estruturas com bônus por desempenho de ativos específicos (commodities, ações, moedas) podem melhorar retorno, mas exigem compreensão de risco.
- Integração com multimercado: Fundos podem incluir crédito estruturado como parcela da carteira, diversificando fonte de rendimento e reduzindo correlação com mercado acionário.
O assessor deve simular cenários, mostrando ao cliente como diferentes estruturas reagem a variações de juros, câmbio e crédito.
5. Riscos associados e mitigação
Apesar das oportunidades, crédito estruturado envolve riscos que precisam ser claramente comunicados:
- Risco de crédito: Possibilidade de inadimplência do emissor. Avaliar rating, histórico e garantias é essencial.
- Risco de liquidez: Estruturas podem ter prazos longos ou baixa negociação secundária.
- Risco de mercado: Mudanças de juros e câmbio afetam retorno, principalmente em produtos atrelados a derivativos.
- Complexidade regulatória: Alguns produtos envolvem estruturas jurídicas sofisticadas, exigindo análise detalhada e compliance.
O assessor deve explicar em linguagem didática, incluindo exemplos de cenários positivos e negativos, e apresentar mecanismos de proteção, como derivativos ou diversificação.
6. Comunicação com o cliente: como traduzir complexidade
Um dos focos do painel foi a importância da educação financeira do cliente:
- Simplificar conceitos: Explicar, por exemplo, que um CRI estruturado é similar a um “título de dívida com garantia imobiliária” e pode oferecer retorno superior ao Tesouro Direto.
- Contextualizar risco x retorno: Mostrar simulações de diferentes cenários, destacando o efeito de variação de juros e inadimplência.
- Alinhamento com perfil do investidor: Garantir que estratégias de crédito estruturado ou multimercado estejam adequadas à tolerância a risco e horizonte do cliente.
- Transparência sobre custos: Taxas de administração, performance e eventuais custos de resgate devem ser comunicados claramente.
7. Estratégias de posicionamento do assessor
Com base no painel, o assessor pode atuar estrategicamente:
- Curadoria de produtos: Selecionar crédito estruturado ou fundos multimercado com base em análise de risco detalhada.
- Acompanhamento constante: Ajustar alocação conforme mudanças em juros, crédito ou cenário macroeconômico.
- Educação contínua: Criar relatórios, webinars ou reuniões educativas para explicar produtos e estratégias complexas.
- Mitigação de riscos: Usar diversificação, prazos escalonados e proteção cambial em carteiras com exposição internacional.
O assessor torna-se assim conector entre o mercado sofisticado e decisões práticas do investidor, agregando valor e fortalecendo confiança.
Crédito estruturado e fundos multimercado são instrumentos essenciais em 2025
O painel da Expert XP demonstrou que crédito estruturado e fundos multimercado são instrumentos essenciais em 2025 para investidores que buscam equilíbrio entre retorno e risco. Para o assessor de investimentos, dominar o tema significa:
- Entender detalhadamente os produtos e suas variáveis de risco;
- Traduzir complexidade em decisões práticas;
- Monitorar constantemente o mercado e ajustar carteiras;
- Comunicar de forma clara, didática e estratégica.
Em um cenário de juros elevados, volatilidade e oportunidades globais, o assessor funciona como radar e bússola, guiando o cliente por decisões sofisticadas de investimento com segurança e embasamento técnico.